Ensaios Socio-econômicosCom o apelo mercadológico do mundo moderno, as facilidades de crédito bombardeadas para todas as classes e o modelo "americanista" de consumo incorporados ao brasileiro, não é difícil encontrar alguém que esteja devendo três ou quatro vezes sua renda mensal ao cartão de crédito ou financeira. Isso não é novidade alguma, não é? O interessante é analisar como pessoas de classe A ou talvez AA conseguem comprometer mais que 100% da sua gorda renda mensal.
Enquanto os planos de consumo da classe média giram em torno de uma casa própria, um carro conservado com ar condicionado - não precisa ser "zero"- uma casa de praia, dinheiro para pagar as contas do dia a dia e a graninha da cerveja; os ricos logicamente não se contentam com tão pouco: O carro não pode ser popular, de preferência importado, de útltima geração e blindado (afinal de contas estamos no Brasil). Bom, nesse caso a prestação junto com seguro custa uns R$ 4.500,00. Pra morar tem que ser em um amplo apartamento em um bairro nobre qualquer; pode ser a partir de 350m², afinal, como convidar os amigos da high sem oferecer o mínimo de conforto? Caso você seja um novo rico e não tenha bens da família, terá que financiar sua moradia.As construtoras financiam em 200 meses, por apenas R$ 5.000 mensais.
Bom, o rico já tem como se locomover e onde morar. Vamos às despesas mensais: Condomínio: R$ 2500,00; educação das crianças: R$ 3.000,00; tv a cabo, telefone, celulares e internet: R$ 1.800,00; alimentação e lazer: R$ 3.000,00.
O rico não pode usar uma roupa qualquer, tem que ser de grife. Como apertar a mão de alguém importante sem ostentar um rolexinho básico? A conta pode aumentar assustadoramente se começam a te convidar a eventos sociais, restaurantes e outras badalações - imagina ficar repetindo roupas, uma gafe. So ai, acrescente R$ 2.700 ao seu American Express.
Fazendo as contas, quem ganha seus míseros "26.000", um executivo, um desembargador, um deputado. Coitados, descontados o IR mal conseguem pagar suas contas. É por isso talvez que uma pessoa com renda dessas dificilmente dá esmolas ou contribui para uma instituição de caridade. Não lhe sobram "nada".