terça-feira, 1 de abril de 2008

Era uma vez uma (bela) cidade



Era uma vez uma cidade e sua bela história pra contar, pra se ouvir e principalmente pra se ver. Casarões, pontes, praças, igrejas, monumentos. Aos poucos ela vai perdendo seus membros, desintegrando-se, como um sabonete jogado no Rio Capibaribe.


Foi-se a Igreja do Senhor Bom Jesus dos Martírios e mais dezenas de casarões para dar lugar a atual Avenida Dantas Barreto - no meio do caminho havia uma pedra; ai se todas elas fossem iguais àquela.

Edifícios de arquitetura "moderna" se espalharam por todo o centro histórico nos anos 50 a 70, jogando pelo ralo nossa história, e agora são grandes elefantes de concreto, combinando apenas com o carbono que briga com o restinho do oxigênio flutuante ao quadrado...Isso é química, física, ou patologia?

Era uma vez belos arcos que foram arrancados da cabeceira da atual ponte Maurício de Nassau, entre outros espalhados pelo velho Recife. A famosa ponte giratória, nos meus 32 anos de idade nem cheguei a conhecer, mas sinto uma estranha saudade. O que eu vi foi o antigo Hotel Boa Viagem ser destruído e vi lá do Pina, a planitude do Cais de Santa Rita ser dissipada por dois espigões de arquitetura tão óbvia quanto um par de velas apagadas.

A próxima amputação na nossa cidade está sendo a remoção das históricas pedras portuguesas de ruas, praças e avenidas do centro, como da Avenida Guararapes, Praça do Diário e mais recentemente toda a extensão do calçadão de Boa Viagem e Pina, para dar lugar a blocos de pedras coloridas que mais parecem cimento tingido e de qualidade questionável.

No meio do caminho de administradores públicos inadjetiváveis havia várias pedras, mas essas pedras não poderiam ter saído do seu lugar.

5 comentários:

Malthus de Queiroz disse...

O conjunto arquitetônico da Avenidade Guararapes, onde está a sede dos Correios, no centro do Recife - tão sórdido e tão malquerido de todos - foi uma das primeiras expressões da arquitetura modernista no País. Surgiam, naquela época, os pilotis, que hoje são obrigatórios nas construções. Declinavam-se so estilos neoclássico e art nouveau, predominantes no fim do século XIX, e a maioria dos edifícios históricos, em nome de uma "evolução" da arquitetura, foram abaixo, despejando no ralo uma história que jamais poderá ser reconstruída. Agora, mesmo depois de se ter discutido exaustivamente o valor desse petrimônio cultural, vêm novamente os áulicos da política para repetirem o mesmo erro.

É por isso que eu bebo!!!

Anônimo disse...

Pois é Malthus, e a cidade não pára, a cidade só cresce....cresce e desaparece...

(theo)

Thays Brayner disse...

Menino, depois dessa teoria de Malthus, eu resolvi me prender tão somente à última linha: "é por isso que eu bebo". Mas falando sério mesmo. O que é isso? Metamorfoze na nossa cidade. Ta pior que minha mãe, que muda os móveis de lugar toda semana, tem dias que paro pra v se entrei na casa certa. rsrsrsrsrs. Bjão.

theo costa disse...

É...esse tipo de metamorfose, preferiria nem presenciar...

Plante Arvores disse...

O pior de tudo é que as mudanças
são feitas sem uma consulta à população, que, eu acho que seria merecida.