sábado, 8 de agosto de 2009

Insônia

-Vamos Sônia, vou deitar.
-Já vou, que horas são?
-Vinte pras duas.
-Tô meio sem sono.
-Então eu vou, até amanhã.
Sônia permaneceu contorcionada no sofá com as pernas em assimetria, coçando os grandes lábios com suas unhas recém ruídas. As horas não davam trégua, sutilmente rápidas, corriam despreocupadas. Num surto de tensão e tesão, Sônia desceu as escadas do California quase despida da calcinha de lycra em chamas. Ficou por ali, step by step, aguardando qualquer movimento, alguém que se escondesse pra fumar, um maníaco qualquer, um estranho que fosse.
As horas passaram, um silêncio ensurdecedor; nenhum som se propagava a não ser o de pequenos roedores da noite; nenhum barulho humano sequer, apenas o sol penetrava em Sônia seus primeiros raios. A pobre exibia a insônia estampada no rosto anoitecido. Volta pro seu andar decepcionada, o desejo engavetado, condensado na própria caixa preta. Novamente ao sofá, cochila assistindo a mais uma reprise de psicose, mas pega no sono antes da cena do chuveiro, que falta de sorte, a melhor parte do filme.

5 comentários:

malthus disse...

Cara, me surpreendeu. Conto minimalista-underground. Do caralho, velho.

theo costa disse...

Rapaz...assim vou terminar acreditando......eheh....valeuuusssssssss

. disse...

Massa cara, esse texto ai é bem dos meus man........ Adoro esse estilo simples punk-death, psíquico-urbanista do eu..... dááaaa eheh.... Não se preocupa que logo mais muitos amigos e novos indicados chegarão te elogiando mais pra te deixar mais vaidoso e nos dá força pra continuar nessa idéia esquisita de blogs, baratas nas platéias por um pedaço de bolacha(escritas)no chão elegantemente. Valeuuusssssssss theuuu! Continua assim irmão que teus textos são sensacionais!

Abraço

. disse...

ops! esqueci meu nome no texto acima, André.

theo costa disse...

Valeu Andreasss....Foi bom que contou mais um omentário..ahahhahahhh